O LAÇO DO DIABO
Lá para as bandas de Rio Negro [MS] havia três jovens malvados. Todas as manhãs, bem cedo, entravam na mata e caçavam tudo o quanto era bicho. Caçavam com espingarda de chumbo grosso e levavam de reserva espingarda de cartucho e até revólveres. Matavam arara, papagaio, tucano, bem-te-vi, joão-de-barro, sabiá, sanhaço, pintassilgo, coruja, pica-pau, garça, quero-quero, pato-do-mato e qualquer ave que encontrassem pela frente. Matavam também bicho grande que nem tamanduá, tatu, gambá, bicho-preguiça, veado, capivara, paca, preá, e anta.
Você já notou que eles caçavam por caçar, matavam por puro divertimento. Disputavam quem tinha melhor pontaria, quem acertava num tiro só.
Um dia, como todos os outros, saíram bem cedo para a caçada. Já estavam no meio da mata, quando escutaram uma voz cavernosa gritando no fundo do mato:
— Olha o laço!
Os três estranharam. E a voz continuou:
— Olha o laço!
Pararam. Olharam para todos os lados e não viram nada, e a voz de novo:
Olha o laço!
Esperaram que a voz se manifestasse de novo, mas agora nada. Passado o espanto, passaram a rir achando uma tremenda graça aquela voz. Um deles disse:
— Vamos procurar o tal laço pra gente vê como é que é?
Os outros acharam uma boa idéia. E se embrenharam na mata atrás do tal laço. E andaram que andaram e nada do tal laço. Quanto mais andavam, mais a floresta ia ficando escura e cheia de sombras. Pararam numa clareira. Debaixo de um imenso pé de cedro e ali, bem próximo ao tronco, encontraram, em vez do laço, três sacos de dinheiro. Pularam de alegria dando tiros para o alto:
— Tamo podre de rico! — Disse o mais velho.
Resolveram, então, fazer uma combinação. Enquanto o mais novo ia a cidade comprar uma bebida para comemorarem, os outros dois ficariam na clareira tomando conta do dinheiro. Assim foi feito.
O mais velho deles, olhando todo aquele dinheiro, pensou:
“Por que tenho de dividir esse dinheiro com os outros? Vou passar fogo no do meio e quando o mais novo voltar, eu dou cabo nele também. Assim, fico com toda essa riqueza.”
Dito e feito. Pegou sua espingarda e passou fogo no companheiro. Enterrou o corpo ali mesmo. Depois fez um cigarrinho de palha e ficou esperando o mais moço debaixo do jatobá.
Acontece que o mais moço, lá na cidade, teve idéia parecida:
“Levo o vinho com veneno. Assim os dois bebem, morem e eu fico com todo o dinheiro.”
Não fez por menos. Comprou um garrafão de vinho, encheu de veneno de rato e voltou para dentro do mato.
Quando chegou ao jatobá, seu destino já estava traçado, levou um tiro de espingarda e morreu.
O mais velho, então, assentou numa pedra para descansar.
— Agora sim! — disse, olhando para os sacos de dinheiro — Fiquei rico. Não vou trabalhar nunca mais. Vou comprar fazendas, casas, carros, jóias... Vou viver como um rei!
Dizendo isso, arrancou a rolha do garrafão de vinho e num gole só bebeu uma boa quantidade do líquido. Foi beber e cair duro no chão.
Assim o laço do diabo terminou de apertar seu nó.
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